dança contemporânea

Notas sobre dança contemporânea

A dança contemporânea é um tipo de dança que não se limita a um conjunto de técnicas específicas, abrangendo uma variedade de gêneros, ritmos e formas, e incorporando também outros elementos artísticos como o vídeo, a fotografia, as artes visuais, e a cultura digital. Por isso, é considerada uma dança abstrata e em constante transformação, que valoriza a experimentação, a inovação, as improvisações e a criação coreográfica individual.

A rebeldia contra o ballet clássico começa a fins do século 19, com a dança moderna. Artistas como Isadora Duncan, Maud Allan e Loie Fuller foram pioneiras em novas formas e práticas, desconsiderando o vocabulário do balé, o conjunto de movimentos que eram considerados adequados ao balé, e pararam de usar espartilhos e sapatilhas na busca por maior liberdade de movimento. A dança contemporânea surgiu nas décadas de 1940/50, quando alguns coreógrafos passam a questionar os modos de se construir a dança, criando uma verdadeira revolução no mundo da dança moderna.

A dança contemporânea não impõe modelos rígidos; os corpos dos artistas não têm um padrão preestabelecido: são gordos, magros, altos, baixos e de diferentes etnias. O corpo humano é essencial para o processo criativo e o bailarino ganha uma conscientização dos seus movimentos. A sua não limitação possibilita ao bailarino autonomia para construir suas próprias coreografias a partir de métodos como a improvisação, o contato com o chão ou com outro personagem cênico.

Na segunda metade do século XX, a dança contemporânea ganhou estabilidade não só nos países de nascimento da dança moderna, como os Estados Unidos e a Alemanha, mas também na França, na Inglaterra e no Brasil.

Alguns nomes de referência da dança contemporânea

Martha Graham (1894-1991)

O método Graham cria uma profunda relação entre a respiração e o movimento, e dá ênfase ao contato com o chão. Outro foco essencial é o centro do corpo como principal fonte de trabalho, onde Martha acreditava ser a origem da vida, e que as emoções, os sentimentos e os movimentos são vistos primeiro nessa região central de equilíbrio. Por isso, a contração é o principal fundamento da técnica Graham: ela começa a partir da pelve e vai subindo toda a espinha dorsal até atingir o pescoço e a cabeça. O espaço entre cada vértebra vai aumentando à medida que a contração se desenrola pela espinha dorsal. Cada contração é realizada durante a expiração. Assim, para movimentos de tórax, ombros e pescoço acontecerem de forma orgânica, é necessário o processo de contração que começa na pelve.

Graham não se opunha ao balé, mas à maneira com que impunham sua utilização a qual ela considerava superficial, principalmente em relação à intensidade, o drama e a paixão. Nos ensinamentos de Graham, ela queria que seus alunos “se sentissem”. “Sentir” significa ter um senso elevado de consciência de estar aterrado no chão enquanto, ao mesmo tempo, sentir a energia em todo o seu corpo, estendendo-a para o público.

Suas principais contribuições para a dança são o foco do “centro” do corpo (em contraste com a ênfase do balé nos membros), a coordenação entre a respiração e o movimento e a relação do dançarino com o chão. 


Explorando o Mundo da Dança Moderna através de Martha Graham

 

José Limón (1908-1972)

Limón não é considerada uma técnica codificada, mas sim um estilo. Os movimentos criados por Limón se caracterizam por usar a gravidade e peso nos movimentos, através do balanço e da prática de rebote, como uma bola que vai lá embaixo, e depois recupera e sobe; explorar o uso da respiração e seu efeito sobre os movimentos; isolar diferentes partes do corpo; e o uso de muitos gestos com as mãos.

 

Dança contemporânea no Brasil

No Brasil, a dança contemporânea teve o seu início em meados da década de 40, por meio do casal Klauss e Angel Vianna. Klauss (1928 – 1992) foi pioneiro na pesquisa e desenvolvimento da técnica somática, criada para acordar a consciência corporal dos bailarinos, trabalhando corpo e mente. Ela utiliza técnicas que ampliam o treinamento técnico em dança. Ele foi o primeiro bailarino a utilizar o termo “expressão corporal” no Brasil.

A dança contemporânea no Brasil se firmou como um estilo próprio na década de 1990 e possui características bastante semelhantes ao moderno – tais como liberdade técnica, ruptura com a rigidez clássica. Ela busca passar sensações do mundo urbano, rápido e agitado. A arte reflete ou expressa a sociedade contemporânea, fazendo uma fusão entre vários estilos – moderno, hip-hop, clássico, jazz e outros – podendo agregar também técnicas diferenciadas, como acrobacia.

Na Cia das Artes, as aulas de dança contemporânea se nutrem do jazz e das diversas técnicas dos grandes pioneiros, fazendo uso também de elementos cénicos e da improvisação.

Imagem destacada: A Última Chance, coreografía de Jean Valber. Bailarinos: Andrea Araujo, Jean Valber, Victória Boim
Fontes: www.dancamoderna.com.br/2014/dicas-sobre-tecnica-de-graham-respiracao-e-contracao; www.significados.com.br/danca-contemporanea/

Aula de dança infantil lúdica

O ensino da dança para crianças

As aulas de ballet clássico se caracterizam por ter uma rigidez e disciplina bastante conhecidas, onde o professor mostra uma sequência de passos e posições do Ballet, que possuem, cada uma delas, sua nomenclatura. Em seguida, os alunos reproduzem esses movimentos, em um processo de repetição que busca a perfeição.

Mas a metodologia do ensino da dança para crianças é mais lúdica e tem se reciclado ao longo do tempo. 

Ludicidade

A ludicidade na dança infantil desenvolve o conhecimento para a vida pessoal e profissional com o intuito da criança interagir em seu meio social de forma prazerosa, proporcionando o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração.

Uma aula com características lúdicas não precisa necessariamente ter jogos ou brincadeiras. O que traz a ludicidade para sala de aula é muito mais uma atitude lúdica do educador e dos alunos. Assumir essa postura implica sensibilidade e envolvimento. Implica não somente uma mudança cognitiva, mas, principalmente, uma mudança afetiva e isso não é uma tarefa muito fácil, pois enfrenta uma quebra de paradigmas, muitas vezes, estabelecidos pelo processo educacional.

É importante lembrar que desenvolver aulas lúdicas, não significa brincar simplesmente, sem um propósito claro e objetivo. O “brincar” deve fazer parte do aprendizado e está inserido no planejamento, mas o professor precisa ficar atento aos objetivos.

Exemplo de atividade lúdica: pular corda. Objetivo: trabalhar a impulsão vertical através de pequenos saltos, com ritmo e coordenação motora.

Metodologia de ensino de dança para crianças. Ludicidade
Baby-class: brincadeiras que ensinam

Exercícios de força

Muitos professores são contra os exercícios de força na infância, mas os estudos atuais provam o contrário. Desenvolver a musculatura das crianças traz uma série de benefícios como: melhora da postura, melhora da coordenação motora, diminuição da possibilidade de lesão.

Além de desenvolver alunos com um preparo físico melhor para os exercícios que serão dados nos anos seguintes.

Exemplos de exercícios de força: gangorrinha para abdômen; exercícios com bola; pranchinha; pendurar da barra; exercícios com cadeira.

Uso de bola nas aulas de dança infantil

A bola não é só para o futebol e, hoje, o ballet não é mais só andar nas pontinhas dos pés ou fazer pliezinho e dar pulinhos. O trabalho é mais complexo e desde os primeiros anos incluímos alguns materiais para usar em sala.

A partir dos dois anos e meio já trabalhamos com bolas, um acessório colorido, super divertido, de vários tamanhos e texturas que ajuda no desenvolvimento infantil em diversos aspectos: fortalecimento muscular, alongamento, equilíbrio e motricidade. A bola, também, auxilia a despertar ainda mais a curiosidade e interesse dos pequenos, deixando a aula mais atrativa e participativa.

Fortalecendo as panturrilhas

Todo mundo já ouviu falar na “batata da perna”… a famosa panturrilha! Nela temos um músculo muito importante, que é muito usado nos esportes em geral.

A panturrilha é responsável por andar, correr, saltar, dançar, nadar, e até pra ficarmos em pé parados. Esse músculo também é responsável por bombear o sangue de volta para cima, o que ajuda a oxigenar o cérebro. Esse fortalecimento proporciona mais estabilidade, explosão muscular e volume. É um músculo bem resistente, por isso fazemos inúmeras exercícios de acordo com a idade, aumentando a intensidade conforme a evolução dos alunos. 

Metodologia no ensino da dança em crianças. Exercícios de panturrilha
Exercícios de panturrilha

Música + Ritmo + Dança = Concentração

A música estimula várias partes do cérebro de uma só vez, tanto em crianças como em adultos. Ela ajuda o desempenho mental, contribuindo bastante para exercícios de memória e concentração.

Criança que recebe estímulos musicais desenvolve também a capacidade de assimilar informações, melhora a audição, melhora a competência em ouvir com detalhes. Por isso, é muito importante a escolha das músicas, dando preferência às músicas cantadas e às que tem o ritmo bem marcado.

Para trabalhar a concentração e a atenção dos alunos através da música, realizamos atividades onde usamos o corpo para reproduzir o ritmo, como bater palmas, bater os pés no chão, bater nas pernas, ou em duplas as famosas brincadeiras de bater as mãos. E conforme a evolução das crianças, combinamos as palmas com as batidas dos pés, e assim dificultando cada vez mais, obrigando a memorização das sequências no ritmo proposto.

 
Lili Pelúcio é sócia diretora e professora de ballet clássico da Cia das Artes, com vasta experiência no ensino da dança infantil.

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