A importância da dança no alongamento da fáscia
A sensação de sair de uma aula de dança com a convicção de que a vida faz sentido é única. Conhecer sua própria estrutura e fluxos do corpo, sua anatomia, sua fáscia, abre um horizonte infinito de auto-conhecimento.
Quando falamos de alongamento, geralmente falamos da técnica que permite o estiramento das fibras musculares, aumentando ou mantendo o comprimento dos músculos, mas existem outras estruturas, tais como a fáscia (além de tendões e ligamentos), que também precisam ser alongadas.
Começemos por definir o que é
A fáscia é um sistema do corpo com a aparência bem similar a uma teia de aranha, feita principalmente de colágeno. Essa “teia” nada mais é do que um tecido conjuntivo fibroso gigantesco que cobre e interpenetra cada músculo, osso, nervo, artéria e veia, além de todos os nossos órgãos internos, incluindo o coração, os pulmões, o cérebro, a medula espinhal, etc. Os osteopatas foram os pioneiros a ter noção da globalidade da fáscia. Durante séculos, este tecido tem sido descartado pelos anatomistas clássicos como “material de embalagem”, mas sua importância foi descoberta recentemente pela ciência ocidental. A sua existência não é (ainda) de conhecimento popular, porém, muitos problemas de saúde, dor e até mesmo fatores relacionados à beleza e às emoções tem sua origem na fáscia.
O seu papel é, portanto, bastante significativo dentro da estrutura complexa que é o nosso corpo.
Músculo, esqueleto e emoções
A fáscia representa o segundo fator mais importante que limita a amplitude de movimento. Isso porque o tecido conjuntivo corresponde a 30% da massa muscular e faz com que o músculo consiga mudar de comprimento. Portanto, o músculo só faz o que a fáscia quiser. Durante um movimento passivo, ela é responsável por 40% do total da resiliência do movimento.
Estamos falando então de uma estrutura contínua que percorre todo o organismo, de nossas cabeças aos nossos pés, sem interrupção. Dessa maneira, podemos perceber que ela mantém cada parte do corpo conectada e fornece uma camada protetora contra traumas externos, tanto aos órgãos, como ao corpo como um todo. O fato de o sangue, os nervos e os músculos estarem envolvidos e penetrados pela fáscia, permite que órgãos deslizem suavemente um contra o outro.
Também desempenha um importante papel de apoio ao sistema músculo esquelético. Esse suporte permite que realizemos atividades funcionais, como levantar quando estamos sentados, andar, pular e correr. Essa visão integrada do corpo e do movimento humano já é fortemente adotada na dança e, de fato, a prática da dança estimula a fáscia muito mais do que outras atividades físicas pela sua riqueza de movimentos.
A fáscia também influi nas emoções: uma disfunção no sistema fascial devido a movimentos do dia-a-dia pode causar alterações emocionais.
Portanto, a vitalidade e a força da fáscia são fundamentais para a saúde e o trabalho em conjunto de todos os sistemas do corpo
Em seu estado saudável, a fáscia tem um aspecto ondulado e relaxado, podendo se alongar e mover sem restrições. Mas quando nosso corpo sofre traumas físicos ou emocionais, está em processo de cicatrização ou inflamação, ela perde essa flexibilidade. Ao não oferecer mais o suporte adequado, transforma-se em uma fonte de tensão para todo o corpo. Então, traumas (quedas, acidentes de carro, cirurgias ou simplesmente a postura incorreta) em um determinado lugar podem ser sentidos em outras partes do corpo. De fato, estudos já mostraram que a tensão fascial no joelho, por exemplo, pode ter consequências em lugares como o quadril ou o tornozelo.
Dicas de alongamento
O segredo para uma fáscia saudável é movimento. Movimentar-se em vários eixos, várias direções e acrescentar balanceios estimula à produção do colágeno. Embora tanto o ioga quanto o pilates trabalhem na hidratação da fáscia, a dança é a atividade que mais atinge esse objetivo. Explore outros eixos de movimento, vá para um lado e para o outro, mude a posição dos pés e mãos. Outro ponto importante é que uma fáscia saudável consegue guardar energia, a qual será utilizada em atividades como marcha e corrida, solicitando um menor gasto energético do seu metabolismo. Você cansará menos.
É de extrema importância termos uma fáscia saudável, e isso implica em ter uma fáscia hidratada, elástica, resiliente e alongada.
Fontes: www.alltheprettybirds.com/what-is-fascia-stretching; www.workandcare.com.br/blog; siteantigo. portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/medicina/sistema-fascial; www.blog.reabilitech.com.br/fascias/
Ilustração: Subin Yang
Imagens: Pinterest